domingo, 23 de maio de 2010

Pablo Neruda

GOSTO QUANDO TE CALAS

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda

Pablo Neruda nasceu em Parral, Chile em 14 de julho de 1904, como Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Foi um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX. Recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 1971. Morreu em Santiago em 23 de setembro de 1973.

Fonte - Poema: http://www.pensador.info/poema_isabela_de_pablo_neruda/
Fonte - Dados Biográficos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Neruda

Nenhum comentário:

Postar um comentário