quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mário Garcia Llosa

Vencedor do Prêmio Nobel da Literatura 2010.
 Um reconhecimento à excelente literatura latinoamericana!!!

"Um público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por idéias."


Mário Garcia Llosa
Entre suas obras mais recentes, destaco - Travessuras da menina má

Sinopse
O peruano Ricardo vê realizado, ainda jovem, o sonho que sempre alimentou - o de viver em Paris. O reencontro com um amor da adolescência o trará de volta à realidade. Lily - inconformista, aventureira e pragmática - o arrastará para fora do pequeno mundo de suas ambições. Ricardo e Lily - ela sempre mudando de nome e de marido - se reencontram várias vezes ao longo da vida, em diferentes cidades do mundo que foram cenários de momentos emblemáticos da História contemporânea. Na Paris revolucionária dos anos 60; na Londres das drogas, da cultura hippie e do amor livre dos anos 70; na Tóquio dos grandes mafiosos dos anos 80; e na Madri em transição política dos anos 90. Assim, ao mesmo tempo em que conta a história de um amor arrebatador, 'Travessuras da menina má' traça um quadro vigoroso das transformações sociais européias e convulsões políticas da América Latina. Muitas das experiências de vida de Vargas Llosa aparecem aqui, por meio de seus personagens - os tempos de penúria em Paris, seu trabalho como tradutor, sua simpatia pela revolução cubana e a ligação permanente com seu país de origem, o Peru. Criando uma tensão entre o cômico e o trágico, numa narrativa ágil, vigorosa e terna, que conduz o leitor nesta dança de encontros e desencontros, Mario Vargas Llosa joga com a realidade e a ficção para contar uma história em que o amor se mostra indefinível, senhor de mil faces, como a menina deliciosa e má.


Mário Gacia Llosa,  peruano nascido Jorge Mario Vargas Llosa, na cidade de Arequipa em 28/03/36. É escritor, jornalista, ensaista e político.

Recebeu, hoje, o Prêmio Nobel da Literatura - 2010 "por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual".

Obra
Sua obra critica a hierarquia de castas sociais e raciais, vigente ainda hoje, segundo o escritor, no Peru e na América Latina. Seu principal tema é a luta pela liberdade individual na realidade opressiva do Peru. A princípio, assim como vários outros intelectuais de sua geração, Vargas Llosa sofreu a influência do existencialismo de Jean Paul Sartre.
Muitos dos seus escritos são autobiográficos, como "A cidade e os cachorros" (1963), "A Casa Verde" (1966) e "Tia Júlia e o Escrevinhador"(1977). Por A cidade e os cachorros recebeu o Prêmio Biblioteca Breve da Editora Seix [Barral e o Prêmio da Crítica de 1963. Sua obra seguinte, A Casa Verde mostra a influência de William Faulkner. O romance narra a vida das personagens em um bordel, cujo nome dá título ao livro. Seu terceiro romance, Conversa na Catedral publicado em 4 volumes e que o próprio Vargas Llosa caracterizou como obra completa, narra fases da sociedade peruana sob a ditadura de Odria em 1950.
Há um encontro na Catedral entre dois personagens: o filho de um ministro e um motorista particular. O romance caracteriza-se por uma sofisticada técnica narrativa, alternando a conversa dos dois e cenas do passado. Em 1981 publica A Guerra do Fim do Mundo, sobre a Guerra de Canudos, que dedica ao escritor brasileiro Euclides da Cunha, autor de Os Sertões.


Fonte - Citação: http://frases.netsaber.com.br/frase_4705/frase_de_mario_vargas_llosa
Fonte - Sinopse: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?sid=11823711612107410635271739&nitem=1769589
Fonte - Dados biogáficos e Obra: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mario_Vargas_Llosa

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cecília Meireles

"Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira."


Cecília Meireles

Poetisa, professora, pedagoga e jornalista. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 07/11/1901 e faleceu na mesma cidade em 09/11/64. Teve importante posição na literatura brasileira do século XX.

Fonte - Poesia: http://www.pensador.info/frases_de_primavera
Fonte - Dados Biográficos: http://www.fabiorocha.com.br/cecilia.htm

sábado, 24 de julho de 2010

Friedrich Nietzsche

"É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante."


Assim falou Zaratustra
Friedrich Nietzsche

Friedrich Wilhelm Nietzsche, filósofo alemão, nasceu no dia 15 de outubro de 1844 e faleceu no dia 25 de agosto de 1900.

Fonte - Dados Biográficos e Quote - http://pt.wikiquote.org/wiki/Friedrich_Nietzsche

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago

OS POEMAS POSSÍVEIS
ESPAÇO CURVO E FINITO

Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

José Saramago
(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)
Remetente: Alicia - alicevilafabiao@mail.telepac.pt

O Mundo perde um dos seus maiores escritores: Português, Nobel da Literatura, Saramago foi inovador constante em sua forma de escrever, de vislumbrar o homem, seus atos, sua vida.
Tive o prazer de participar da cerimônia em que ele recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UFSC em 1999.
Hoje ficamos, ainda, mais carentes de conhecimento, de arte, de palavras...
Estella Parisotto Lucas
 
 
São Paulo, junho de 2010 – Nesta sexta-feira, 18 de junho, o mundo se despede de um dos maiores gênios da literatura. Aos 87 anos, o escritor português José Saramago - primeiro Prêmio Nobel português, em 1998 - faleceu em sua casa nas Ilhas Canárias, na Espanha.

Nascido em 1922, Saramago foi responsável por tornar a prosa portuguesa reconhecida internacionalmente. Ao todo, ele tem 36 livros publicados desde 1947. Em mais de 60 anos de carreira, foram 20 romances, três poemas, quatro crônicas, três contos, um relato de viagem e cinco peças de teatro; incluindo vários best-sellers.
Entre os romances, um dos mais populares é Ensaio Sobre a Cegueira, de 1995. Traduzido para diversas línguas, foi adaptado para o cinema, em 2008, por Fernando Meirelles, diretor de Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel. A obra traz uma intensa crítica aos valores da sociedade.
A oposição ao catolicismo não é de hoje. A relação de tensão entre Saramago e a Igreja Católica começou após a publicação do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo, em 1991. A adaptação da obra para o teatro, em 2001, foi alvo de muitas críticas por parte de grupos religiosos contrários à visão do intelectual.

Em contrapartida, Saramago nunca temeu em expressar livremente seu pensamento. Em passagem por Roma, Itália, em outubro de 2009, o escritor chamou o atual Papa, Bento XVI, de "cínico", afirmando que o único modo de combater a "insolência reacionária" da Igreja Católica é utilizando a "insolência da inteligência viva", dos intelectuais.
Saramago acreditava que, como o Fascismo, a Igreja não se importa com o destino das almas, mas sim com o controle de seus corpos. “Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder”, disse em uma de suas declarações.
Além das polêmicas e constantes oposições religiosas, o escritor manteve, durante toda sua carreira, um forte envolvimento com a política internacional e os direitos humanos. Em janeiro deste ano, por exemplo, relançou o livro A Jangada de Pedra, revertendo toda a sua renda para as vítimas do terremoto no Haiti.
Apesar de ser constantemente criticado por sua visão religiosa e política, José Saramago deixou um legado indiscutível. E essa trajetória, definitivamente, não se resume aos prêmios ou denominações que ganhou durante a carreira. Escritor, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, argumentista, poeta, não importa. Saramago já se fez eterno através de sua obra. (MSN CULTURA)

Obra
Saramago é conhecido por utilizar frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional. Os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros: este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores. Apesar disso o seu estilo não torna a leitura mais difícil, se os seus leitores se habituarem facilmente ao seu ritmo próprio.

Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea: é considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds ("Génio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas"), considerou José Saramago "o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje" (tradução livre de the most gifted novelist alive in the world today), referindo-se a ele como "o Mestre". Declarou ainda que Saramago é "um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer". (WIKIPÉDIA)

Fonte - Poesia: http://www.revista.agulha.nom.br/1saramago.html#espaco
Fonte - Dados Biográficos: http://msn.onne.com.br/cultura/materia/13681/jos-saramago
                                                 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Saramago

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Machado de Assis

DOM CASMURRO
CAPÍTULO XLIII - VOCÊ TEM MEDO?

De repente, cessando a reflexão, fitou em mim os olhos de ressaca, e perguntoume se tinha medo.
— Medo?
— Sim, pergunto se você tem medo.
— Medo de quê?
— Medo de apanhar, de ser preso, de brigar, de andar, de trabalhar...
Não entendi. Se ela tem dito simplesmente: "Vamos embora!" pode ser que eu obedecesse ou não; em todo caso, entenderia. Mas aquela pergunta assim, vaga e solta, não pude atinar o que era.
— Mas... não entendo. De apanhar?
— Sim.
— Apanhar de quem? Quem é que me dá pancada?
Capitu fez um gesto de impaciência. Os olhos de ressaca não se mexiam e pareciam crescer. Sem saber de mim, e, não querendo interrogá-la novamente, entrei a cogitar donde me viriam pancadas, e por que, e também por que é que seria preso, e quem é que me havia de prender. Valha-me Deus! vi de imaginação o aljube, uma casa escura e infecta. Também vi a presiganga, o quartel dos Barbonos e a Casa de Correção. Todas essas belas instituições sociais me envolviam no seu mistério, sem que os olhos de ressaca de Capitu deixassem de crescer para mim, a tal ponto que as fizeram esquecer de todo. O erro de Capitu foi não deixá-los crescer infinitamente, antes diminuir até às dimensões normais, e dar-lhes o movimento do costume. Capitu tornou ao que era, disse-me que estava brincando, não precisava afligir-me, e, com um gesto cheio de graça, bateu-me na cara, sorrindo, e disse:
— Medroso!
— Eu? Mas...
— Não é nada, Bentinho. Pois quem é que há de dar pancada ao prender você? Desculpe, que eu hoje estou meia maluca; quero brincar, e...
— Não, Capitu; você não está brincando; nesta ocasião, nenhum de nós tem vontade de brincar.
— Tem razão, foi só maluquice; até logo.
— Como até logo?
— Está-me voltando a dor de cabeça; vou botar uma rodela de limão nas fontes.
Fez o que disse, e atou o lenço outra vez na testa. Em seguida, acompanhou-me ao quintal para se despedir de mim; mas, ainda aí nos detivemos por alguns minutos, sentados sobre a borda do poço. Ventava, o céu estava coberto. Capitu falou novamente da nossa separação, como de um fato certo e definitivo, por mais
que eu, receoso disso mesmo, buscasse agora razões para animá-la. Capitu, quando não falava, riscava no chão, com um pedaço de taquara, narizes e perfis.
Desde que se metera a desenhar, era uma das suas diversões; tudo lhe servia de papel e lápis. Como me lembrassem os nossos nomes abertos por ela no muro, quis fazer o mesmo no chão, e pedi-lhe a taquara. Não me ouviu ou não me atendeu.

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis, nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839 e faleceu na mesma cidade em 29 de setembro de 1908. Foi romancista, dramaturgo, contista, jornalista, cronista e teatrólogo brasileiro, considerado como o maior nome da literatura brasileira e um dos maiores escritores do mundo.
No dia 20 de julho de 1897 com iniciativa de Lúcio de Mendonça, fundou a Academia Brasileira de Letras.

Fonte - Trecho de Dom Casmurro: http://machado.mec.gov.br/arquivos/pdf/romance/marm08.pdf
Texto de referência: Obras Completas de Machado de Assis, vol. I,
Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994.
Publicado originalmente pela Editora Garnier, Rio de Janeiro, 1899.

Fonte - Dados Biográficos:http://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis

terça-feira, 1 de junho de 2010

Miguel Falabella

SAUDADE

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua,
dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor,
Ou quando alguém ou algo não deixa que esse amor siga,
Ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania
de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na Internet
e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier;
se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos;
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer;
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você,
provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...

Miguel Falabella

Miguel Falabella de Sousa Aguiar nasceu no Rio de Janeiro no dia 10 de outubro de 1956. É ator, dramaturgo, diretor, cineasta, escritor e apresentador de televisão. Miguel é um artista multimídia e considera-se um "worklover".
   
Fonte - Texto: http://www.pensador.info/saudade_miguel_falabella/
Fonte - Dados Biográficos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Falabella

Site oficial de Miguel Falabella: http://www.miguelfalabella.com.br/

Rachel de Queiroz

A VELHA AMIGA

Conversávamos sobre saudade. E de repente me apercebi de que não tenho saudade de nada. Isso independente de qualquer recordação de felicidade ou de tristeza, de tempo mais feliz, menos feliz. Saudade de nada. Nem da infância querida, nem sequer das borboletas azuis, Casimiro.
Nem mesmo de quem morreu. De quem morreu sinto é falta, o prejuízo da perda, a ausência. A vontade da presença, mas não no passado, e sim presença atual.
Saudade será isso? Queria tê-los aqui, agora. Voltar atrás? Acho que não, nem com eles.
A vida é uma coisa que tem de passar, uma obrigação de que é preciso dar conta. Uma dívida que se vai pagando todos os meses, todos os dias. Parece loucura lamentar o tempo em que se devia muito mais.
Queria ter palavras boas, eficientes, para explicar como é isso de não ter saudades; fazer sentir que estou expirimindo um sentimento real, a humilde, a nua verdade. Você insinua a suspeita de que talvez seja isso uma atitude...

(Crônica publicada no jornal "O Estado de São Paulo" - 13/01/2001)

Rachel de Queiroz

Rachel de Queiroz foi romancista e cronista brasileira. Nasceu em Fortaleza, Ceará, e residiu na cidade do Rio de Janeiro. No início da década de 1970, a Academia Brasileira de Letras modificou seus estatutos para receber Rachel de Queiroz, primeira acadêmica mulher do Brasil. Faleceu em 04 de novembro de 2003.

Fonte - Trecho da Crônica e Dados Biográficos: http://www.vidaempoesia.com.br/racheldequeiroz.htm

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mário Quintana

EU QUERIA TRAZER-TE UNS VERSOS MUITO LINDOS

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como uma pobre lanterna que incendiou!

(Quintana de Bolso)

Mário Quintana
 
Mário de Miranda Quintana nasceu em Alegrete no dia 30 de julho de 1906 e faleceu em Porto Alegre, em 5 de maio de 1994. Foi poeta, tradutor e jornalista brasileiro, considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal.
 
Fonte - Poesia: http://www.fabiorocha.com.br/mario.htm
Fonte - dados Biográficos: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

domingo, 30 de maio de 2010

Nelson Rodrigues

FLOR DE OBSESSÃO

- Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.

- A perfeita solidão há de ter pelo menos a presença numerosa de um amigo real.

- Amar é ser fiel a quem nos trai.

- A burrice é a pior forma de loucura.

- Toda coerência é, no mínimo, suspeita.

- Todo óbvio é ululante.

Frases selecionadas e organizadas por Ruy Castro, extraídas do livro "Flor de Obsessão", Cia. das Letras - São Paulo, 1997, págs. diversas

Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues nasceu em Recife em 1912 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 1980. Autor. Ao longo de sua trajetória artística, Nelson Rodrigues foi alvo de uma polêmica que o faz conhecer tanto o sucesso absoluto, como em Vestido de Noiva, 1943, cuja encenação por Ziembinski marca o surgimento do teatro moderno no Brasil, quanto a total execração, como em Anjo Negro, 1948, ousada montagem para a época pelo Teatro Popular de Arte. Distante de qualquer modismo, tendência ou movimento, cria um estilo - e quase um gênero - próprio e é hoje considerado o maior dramaturgo brasileiro.

Fonte - Frases: http://www.releituras.com/nelsonr_flor.asp 
Fonte - Dados Biográficos: http://www.releituras.com/nelsonr_flor.asp

domingo, 23 de maio de 2010

Pablo Neruda

GOSTO QUANDO TE CALAS

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda

Pablo Neruda nasceu em Parral, Chile em 14 de julho de 1904, como Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Foi um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX. Recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 1971. Morreu em Santiago em 23 de setembro de 1973.

Fonte - Poema: http://www.pensador.info/poema_isabela_de_pablo_neruda/
Fonte - Dados Biográficos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Neruda

Oscar Wilde

LOUCOS E SANTOS

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde nasceu em Dublin na Irlanda em16 de outubro de 1854. Faleceu em Paris,  França no dia 30 de novembro de 1900.

Fonte - Poema: http://pt.wikiquote.org/wiki/Oscar_Wilde
Fonte - Dados Biográficos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Wilde

Vinícius de Morais

SONETO DE FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Estoril - Portugal, 10.1939

in Poemas, sonetos e baladas
in Antologia Poética
in Livro de Sonetos
in Poesia completa e prosa: "O encontro do cotidiano"
in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"

Vinícius de Morais

Vinícius de Morais ou o Poetinha, título recebido, nasceu, em meio a forte temporal, na madrugada de 19 de outubro de 1913 na cidade do Rio de Janeiro e faleceu na manhão de 9 de julho de 1980, na mesma cidade. 

Fonte - Soneto e Dados Biográficos: http://www.viniciusdemoraes.com.br/

Cora Coralina

SABER VIVER

Não sei… Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira,
Pura… Enquanto dura

Cora Coralina
 
Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas Brandão, nasceu em Cidade de Goiás, em 20 de agosto de 1889 e falaceu em Goiânia, no dia 10 de abril de 1985. Foi poetisa e contista.
 
Fonte - Poema: http://www.cuidardeidosos.com.br/saber-viver-segundo-cora-coralina/
Fonte - Dados Biográficos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cora_Coralina

Cecília Meireles

MOTIVO

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

Poetisa, professora, pedagoga e jornalista. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 07/11/1901 e  faleceu na mesma cidade em 09/11/64. Teve importante posição na literatura brasileira do século XX.

Fonte - Poesia e Dados Biográficos: http://www.fabiorocha.com.br/cecilia.htm

domingo, 16 de maio de 2010

Alberto Caeiro

DESTE MODO OU DAQUELE MODO

Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.

Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à ideia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras.
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.

E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer
como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.

Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos.

Alberto Caeiro / Fernando Pessoa

Alberto Caeiro é um dos três principais heterônimo de Fernando Pessoa.
Nasceu em Lisboa, 1885 e faleceu em 1915. Viveu maior parte da sua vida numa Quinta do Ribatejo. Não exercia qualquer profissão, o que faz com que fosse pouco instruído. É o “mestre” dos outros heterônimos, até do próprio Fernando Pessoa. Caeiro tinha uma visão instintiva e ingénua da natureza, procurando assim viver a exterioridade das sensações e recusando a metafísica.

Fonte - Poema: http://www.fpessoa.com.ar/poesias.asp?Poesia=237
Fonte - Dados biográficos: http://www.slideshare.net/guest40b640/fernando-pessoa-e-seus-heternimos

sábado, 15 de maio de 2010

Fernando Pessoa

NAVEGAR É PRECISO

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e (a minha alma) a
lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa foi um grande poeta, ficcionista, dramaturgo, filósofo, prosador português que viveu entre os séculos XIX e XX. Nasceu a 13 de Junho, numa casa do Largo de São Carlos, em Lisboa.
Através dos seus heterónimos, Pessoa ortónimo questiona o conceito metafísico da tradição romântica da unidade do sujeito e da sinceridade da expressão da sua emotividade, através da linguagem. Em cada heterónimo, Fernando Pessoa dá a conhecer várias emoções e perspectivas sobre os sentimentos, emoções e desejos, e é a espécie da representação irónica da sua inteligência.
Concebidos como individualidades distintas do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprio. Em 1914 surge o aparecimento dos seus três principais heterónimos, eles são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos

Fonte - Poema/Nota: http://www.revista.agulha.nom.br/fpesso05.html
Fonte - Dados Biográficos: http://www.slideshare.net/guest40b640/fernando-pessoa-e-seus-heternimos

Nota: "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu.

Clarice Lispector

ÁGUA VIVA

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada."

"Há muita coisa a dizer que não sei como dizer. Faltam as palavras. Mas recuso-me a inventar novas: as que existem já devem dizer o que se consegue dizer e o que é proibido. E o que é proibido eu adivinho. Se houver força. Atrás do pensamento não há palavras: é-se. Minha pintura não tem palavras: fica atrás do pensamento. Nesse terreno do é-se sou puro êxtase cristalino. È-se. Sou-me. Tu te és."

Clarice Lispector

Trechos de Água Viva, Editora Rocco, 2008. p. 20 e p.27

Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920, tendo recebido o nome de Haia Lispector. Seu nascimento ocorreu durante a viagem de emigração da família em direção à América. Faleceu no dia 09 de dezembro de 1977 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.

Fonte - Texto: http://pt.wikiquote.org/wiki/Clarice_Lispector
Fonte - Dados Biográficos: http://www.releituras.com/clispector_bio.asp

Victor Hugo

DESEJO

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
Eque pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar esofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

Poema atribuido ao escritor e poeta francês Victor-Marie Hugo. Nasceu em Besançon, no dia 26 de fevereiro de 1802 e faleceu em Paris, em 22 de maio de 1885. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras.

Fonte - Poema: http://www.astormentas.com/victorhugo.htm
Fonte - Dados Biográficos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_Hugo

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Oswaldo Montenegro

METADE

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

Oswaldo Viveiros Montenegro nasceu em 15 de março de 1956, no Grajaú, Rio de Janeiro. É músico, compositor, interprete, escritor, apresentador, um artista!

Fonte - Música Poema: http://letras.terra.com.br/oswaldo-montenegro/72954/
Fonte - Dados Biográficos: http://www.oswaldomontenegro.com.br/historia/bio.html